Friday, May 13, 2011







Tuesday, April 10, 2007

Mentiras & Verdades Engolidas Cruas.

Lamento meus porres e conto as sensações de quando fiz minhas tatuagens, unhas e sexo virtual. Ou até mesmo isso, a frustração de olhar um papel em branco, ver minha kingsize vazia, ou meu esforço pra tirar o sangue das minhas calcinhas sujas. Falo de Tom Jobim, Alaíde Costa, da Alvorada de Cartola e de outros que ficam nas nossas vidas, como as divas e caras do jazz, James Brown, Truffaut, e mais um tanto de coisas meio mortas que a gente tem em comum, até mesmo a dificuldade pra línguas, o alcoolismo, ou algum ser que nós dois comemos e já quase não lembramos mais. Isso tudo sem muito tato.
Um dos fatos é que me gabo dos trabalhos mega-culturais e alguns filantrópicos e das saudações bakunianas. E quando levanto da mesa pra ir ao banheiro, no caminho, alguém cutuca meu ombro, do jeito que eu não gosto, e me diz que eu não preciso falar assim, posso parecer chata, mesmo não sendo, e como sou muito branca, muito mesmo, fico com uma marca de dedo roxa e nem respondo; me sinto mal por isso, mas depois, percebo que não ligo pra parecer chata, priorizo minhas descobertas e ansiedades, e passo um gel de arnica.
Penso sim, no quanto posso parecer burra, e travo quando bebo um chop e converso com o neurocirurgião que atende meu filho de graça, e é louco por filosofias, antologias e essas “ogias” tolas e mais um monte de todas as orgias. Aí bebo mais e volto ao cinema, à literatura, e minhas mais recentes paixões; como as mãos de Dino Valls, as galinhas, galos e cores de Totonho Laprovitera, o documentário 1 ano e 1 dia e seu criador, e aí, trepo sem gozo pra quê?
Talvez prefira o cheiro do álcool do que o do seu líquido seminal.

Tento cuspir palavras nos monitores luminosos da madrugada, com raiva, como se precisasse contaminar todos com esse medo do medo e o medo de escrever a palavra delicadeza, porque algum outro escritor babaca tem muita delicadeza, ou de quase nenhuma tem tanta, e ainda me enrolo com o porque, por que e por quê?
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Acendo um cigarro e coloco a xícara de café forte e amargo, vícios e clichês, logo pela manhã, contando que isso me dê algum tipo de inspiração e me perco nas palavras, vírgulas e minha cabeça quente parece borbulhar ainda mais com os problemas que não são seus, enquanto espirro sem parar com a poeira que sai da palha do futon e procuro alguma coisa nos classificados.

Vende-se ótima casa em rua bucólica de Itaipu. Boa localização, próxima ao comércio e condução. Segurança 24h. Loft com 3 quartos, 1 suíte, cozinha gourmet, lavanderia e área para piscina e forno à lenha. Anexo duplex com salão, varanda e suíte charmosa independente com vista pra Serra da Tiririca. Quase pronta, tenho o projeto. OPORTUNIDADE - Só 280 mil!! Tel.: (21) 3026-1074. O fracasso egocêntrico.

Assim eu perco, aí espero, à venda e fodida. E depois, à noite, sento ali, em qualquer lugar do sofá de três, na frente da única coisa que sobrou, a tv, tentando ter idéias pra escrever, bocejando e sentindo o cheiro da saliva da minha mãe que baba ao lado, na ponta direita do sofá, de sempre.
Descubro que a rede tv e o cabernet suavingnon, última moda da novela das 8h e do povo cult brasileiro, dariam um bom texto. Misturar uma coisa com a outra, e mais o tabaco na folha de uva, pode dar bossa, e muita dor de cabeça, já que não tenho dinheiro, e jamais tomarei um cálice de vinho bom ao lado de Antônio Banderas, ou mesmo do conterrâneo perdido na Ilha de Lost. A verdade é que homem de cabelo grande não me agrada muito - mas citei três -, gosto de pinga, e a preguiça mental é a maior de todas as inspirações nesse momento, quando confesso a você que não entendo bulhufas, ou quase nada, do que diz Nietchze, e até mesmo do que escrevo.
Pra ser engolida e elogiada.

Wednesday, October 25, 2006

Aguardo: com defeito e efeito.

H²O, nicotina e cafeína, fiéis companheiras nos últimos dias. Dias que vão e vêm, e sobrevivo, sim. Mas cheia de arranhões, feridas, hematomas irreparáveis. Faltam pedaços de carne em mim. O sangue se esvai pelos poros, narinas. Por todos os orifícios do corpo flácido, que necessita de vitaminas, proteínas, exercícios físicos, sol, seu esperma.

O vento frio raspa o rosto, navalha que arde, queima de tão gelado. Machuca, racha os lábios. Os cabelos embaraçam, nós cegos e cristalizados. Cadê meu pente e a jaqueta? Fuck off.

A morte é tentadora.
Pois é, mas ainda não tomei uma superdosagem de ansiolíticos, meu bem. Ainda. Ou seria ainda bem?

Aguardo.

Vesti uma calça qualquer, uma blusinha branca, bem meiga. Melissas fininhas, trancinhas - cara de menina pura. Vem cá! Mas parecia uma vadia louca, não é? Não pensei em nada, nem ninguém. Pergunto-me se depois daquele episódio, ainda consigo voltar a ser como antes. Linda puritana, não. Mas, pelo menos, uma linda putana, puta gente fina, saca? Que faça um bom boquete, tenha bom papo, cuide bem dos filhos e tal.

Lembro que comecei era dia, aquela noite. Asfalto vazio, lanternas amareladas, poucas. Sinais de trânsito inúteis aos carros bêbados, Pierre’s etílicos, prédios altos com janelas abertas, que traziam aos meus ouvidos o som dos ventiladores de teto rodopiando vagarosamente, tortura. Eco do meu desespero, seu silêncio ensurdecedor, nada de ônibus, só um. Passou. Devia ter parado por ali, mas as sensações, de alguma forma, eram incontrolavelmente desejadas por mim. “Limite” foi a palavra-atitude que se perdeu do meu dicionário-vida durante algumas horas.

E as atitudes foram incomodativas, todas elas, desde o início. O primeiro gole, e o beijo na rua, que chamou atenção dos meninos no ônibus de margaridas, que gritaram: “AÊ!”
Ali, meus olhos se perderam no vazio, reflexos azuis acinzentados da poluição do Centro da cidade e Baía de Guanabara, a fumaça dos coletivos. E eu, ainda escutava ao longe um neném chorando a espera da mãe. Agonia.

Uma vez escrevi num poema idiota; que queria amar, e seria puta enquanto não encontrasse esse amor. Meses depois, li no poema de um amigo, o Nolli: “só as putas acreditam em príncipes encantados.” Pois é, cá estou, esperando você, meu príncipe encantado dos prazos. Você quer silêncio? Ok. A boca continua fechada - e será aberta quando e para o que você quiser - enquanto os dedos se mexem. Pudera. Cansa, não agüento. Acho que já quebrei o silêncio algumas vezes, sem êxito. Alguém me ajuda?

Será que a decadência se vai, Dr.? Ontem você me disse, olhando pelo pedaço aberto, sem botão, da minha blusa, mirando minhas tetas frias: aqui é porto, eu, você e seu jeans, e então a gente abre essa ferida, ainda mais, limpa e depois costura, espera cicatrizar. E eu te pergunto: é fácil assim? Qual seria o nome da substância cicatrizante? Líquido seminal?
É, não quero a pureza fingida da maioria, nada melhor que uma boa trepada, sem puderes idiotas, com qualidade, defeito. Efeito.
E qual seria o efeito? Eu e você sabemos, Pica de Mel.

Ainda espero voltar pra porta do banheiro da casa de uma amiga, corredor vazio, burburinhos espalhados pela casa grande, Dr. Mãos invadindo corpos, arregaçando roupas. Mãos sentindo as tetas quentes, mistura de línguas homogeneizando salivas. Enquanto ouço o batuque do pandeiro no meu latejar.

Quero líquido seminal pra tetas quentes.

Já imaginou o efeito disso?

Feito.
Dos grandes.


Aguardo.

Wednesday, October 11, 2006

Entre a Vitrine e o Sonho.

Ele deu uma longa golada na cerveja, olhando pra mim, como se mergulhasse no meu corpo, de olhos bem abertos, conseguindo enxergar meu útero, minhas veias, artérias, os miolos efervescentes do meu cérebro; e degustasse o tempero misturado de tudo isso, junto à cevada.
Apoiou a latinha na arquibancada da arena, na praça dos arcos, sob a lua reluzente. E não olhava pra ela. Continuava mirando em mim, sem piscar.

E eu olhava pra ela, olhava pra ela.

Sentia que cada vez mais a pupila dele dilatava, e delatava o desejo, enquanto sorria e passava a língua nos lábios - quase incontrolável ver aqueles lábios sem beijar, e querer sentir gosto de preliminar perfeita. - Entoou a voz de menino, tentou fazer grossa pra dar mais moral à barba de homem, querendo descobrir, carinho, pegada. Pegou forte meu braço, e perguntou quando nos conheceríamos de verdade.

A verdade dos navios que se cruzavam em guerra. Canhões, cólicas, crises convulsivas, vômitos, larvas e miasmas. Crianças gritando, panela chiando, televisão cantando Disney.

À essa altura eu já não olhava nem pra ela, nem olhava pra ela.

Minhas pálpebras pesavam, mas se levantaram, devagar. Pare. A placa de trânsito bem na minha frente dizia: pare.

Os carros frearam; trânsito congelado. Só se via luzes, de todas as cores; faróis, lanternas, outdoors, os BR’s verde-amarelo dos postos de gasolina. Tonteavam, ofuscavam. Os meninos esqueléticos da Lapa não corriam mais, os pipocos de tiro do morro de Santa, e o batuque da fina flor do samba do outro quarteirão silenciaram, o trance estacionou, pick-ups desligadas, o burburinho amarelado da multidão-voz abafou, o orgasmo do casal atrás do carro; ad infinitum.
Pessoas-estátuas, ali, com lágrimas-gargalhadas cristalizadas no rosto. Cervejas empedradas em copos vagabundos de plástico, cabelos plastificados refletiam o dourado das bolsas Louis Vuitton, que se misturavam aos meninos-dourados da rua. Sem medo.

Ele ainda olhava pra mim. Engoli o ar, e não me atrevi a pegar a latinha de cerveja pra desentalar o bolo vazio, que se instalou entre a garganta e meu peito. Não conseguia me mexer.
Evoquei todos os demônios. Queria ser inoculada por maldade.
Implorava uma tragédia que chamasse sua atenção.
Estalei os dedos, um a um. Comi os lábios, as carnes mortas do interior da boca. Olhei dentro dos olhos dele, tentando dizer.
Eu era resto de construção desmoronada, decadente. De impossível restauração. A maioria dos meus dias terminava no boteco da saída do túnel, implorando uma dose extra de vodka barata, fumando filtro de cigarro, com filhos mortos de fome chorando na barra da saia.
Ainda assim, sempre paro olhando pra ele, e observo minuciosamente seus detalhes, vendo a configuração mais concreta do meu desejo.
Mas quando encosto as mãos na vitrine, quase entrando, lembro que meu coração é pobre, e que os demônios que sempre evoquei são ainda mais presentes hoje. Só me deixam sonhar.

O que me resta é olhar pra ela. Olhar pra ela (?)

Monday, September 11, 2006

Hasta la muerte, babe.

A ci1vilização me chama. Calor, 40ºC. Chamas, salamandras passeiam sobre/entre concreto, paredes com riscos coloridos ao acaso. A terra, já seca e reduzida ao pó, sobrevoa a vida. Palavras que saem das bocas de dentes cariados e dedos leprosos no cotidiano da metrópole. Sopro quente, homens sufocando com gravatas, mulheres de terninho e mini-saias retocando maquiagem derretida. Mistura de sons, tons. Baixas nuvens poluídas, tudo embaçado.

Sento no meio fio. Abaixo a cabeça e coloco entre as minhas pernas, entrelaço os dedos com os fios do cabelo oleoso, pensando. Merda.

Av. Brasil engarrafada, fulanos fogem da realidade com seus carros de vidros escuros e objetos tecnológicos. Observam-me através de persianas entreabertas. Tiro o creme hidratante de dentro da mochila, e passo um pouco no rosto, massageando, pra refrescar. Será que minha aparência melhorou? Acendo um cigarro barato, despreocupada.

A grana é curta.

É que saí do hospital psiquiátrico às 6:30h. Sozinha, mochila nas costas. Dentro, uma calcinha de algodão cor de rosa com pererecas verdes, um par de meias coloridas, pasta e escova de dentes, um vidro de aspirinas, os óculos escuros e o hidratante.

Trinta e três anos já é uma idade em que a gente precisa começar a pensar, cuidar da saúde e bem-estar. Aparência, coração, taxa de glicose, cultivar amor - não colecionar -, descartar inimigos e etc. Eu faço.

Atrás de mim, a entrada da favela. Becos. Pneus e sofás jogados dentro de um canal. Caos que separa ambientes caóticos. Meninos, faixa etária entre sete e onze anos, mais ou menos, brincam de búlica, nus, na lama de esgoto, e engolem fezes roendo as unhas.

Ao longe, percebo uma janela; a mulher se enforca com a própria echarpe. O amante a observa, distante, com um sorriso de lado, debochado.

La doce muerte.

Um devaneio, acho que não.

Preciso sair daqui, preciso de sexo.

O problema é que você não quer (?) Fui descartada quando me jogou naquele hospício. Mas não é por aí, não me venha com essa, querido. Que venham você, os panos, as mangas e tudo mais. Te digo, agora, que hoje saí de lá com a carta que tirei de uma das mangas da camisa de força. Guardei-a por todo esse tempo. Isso ainda me reserva um espaço à luz do sol, pode crer. Provaremos, de novo, do veneno gostoso. Eu e você, você e eu. Que tal?

É isso que você quer. Pirar.

Já não tenho mais as chaves do apartamento, o carteiro foi avisado pra não entregar correspondência minha. Todos os meus e-mails são direcionados ao seu lixo eletrônico.

Não dou uma trepada há um bom tempo.

No bolso, do lado esquerdo do meu jeans, diferente do seu - essas coisas clichês me enjoam - guardo um pedaço de papel quase que desmanchado; o telefone de uma velha amiga.

Ligo pra ela, e sem dar tempo de dizer olá, ela me pergunta o que mais me agrada no sexo. E eu respondo: chupar, claro.

- Vem pra cá agora.

- Ok.

Quando chegar lá eu pergunto à ela "Por que o homem contemporâneo sofre do desejo da bagaceira de ser um conquistador poeta-maldito-corno feliz-atirador de facas em mulheres de atiradores de facas...? Não seria mais simples viver sem essa crise dos 40 anos eterna, que acomete até garotinhos de 16 anos de idade?”

E resolvo meus assuntos pendentes.

Inté.

Ou,

Hasta la muerte, babe.